Praias em Mykonos? Não. Cúpulas azuis em Santorini? Esqueça. Conheça as ilhas e hot spots para fugir da muvuca de europeus que promete invadir...
A Grécia vai receber neste ano 40% mais turistas que em 2016 e será o destino número um do continente por causa não apenas do receio de atentados terroristas na Turquia e no sul da França, mas também pelo aumento dos preços na Espanha. A informação é da Thomas Cook, maior agência de viagens da Europa. Portanto, se a sua bússola aponta para a Grécia neste verão do hemisfério norte, fica o alerta: a chance de encontrar muvuca pela frente é grande.
Para evitar dor de cabeça, esqueça Mykonos, Santorini ou Milos, que hoje parecem banhadas por champanhe Cristal. Últimos refúgios roots do Egeu, ideais para quem não quer saber de festa nem de fotos, Folegandros, Amorgos, Patmos, Sifnos e Koufonisia ainda mantêm no ar e no mar uma aura anacrônica alheia a modismos e a ventos de mudança que a cada nova temporada ameaçam soprar em suas costas.
Point dos italianos: Folegandros
Esse é o ponto de encontro dos italianos do jet set calmo, que já entregaram para Deus (e aos russos) suas maiores pérolas do Tirreno. Eles deixaram para trás Sardenha, Portofino e toda a Costa Amalfitana e tomaram a ilha mais laid-back das Cíclades, com sua khôra (vila) colorida por casinhas caiadas em branco e azul. Lá, senhoras preparam o feta nas escadas, ao lado de gatos vagabundos – que são muitos – e mimados com o leite das cabras que correm livres à beira do precipício. As praias são acessíveis apenas por trilhas ou com um preguiçoso barco que faz uma ou duas viagens ao dia, o que torna cada mergulho uma conquista.
A eleita dos gregos: Sifnos
De todas as 6 mil ilhas gregas que ornam o Egeu, Sifnos é a eleita dos helênicos de raiz (que esbravejam com a euroinvasão que todo verão descaracteriza sua história veranista – e o que é pior, torna os preços impraticáveis para o povo, quebrado desde a crise de 2010). Ao contrário das vizinhas Milos, Paros e Antiparos, trio elétrico do roteiro casal em lua de mel, a ilha é o reduto dos solteiros e dos amantes da cozinha grega mais pé no chão que há: tavernas simples e seculares no vilarejo de Artemonas, onde se prepara à mão maravilhas à base de grão-de-bico, como a revithokeftedes com menta marjoram (versão local para o falafel) e as imbatíveis bruschettas de polvo – pescado ali, à flor do mar.
Silêncio, por favor: Koufonisia
Sem ostentação ou obsessão on-line, aqui a regra é ser invisível, para não quebrar o silêncio ou o barulho dos pequenos barcos de pescadores ou alterar o campo visual dos 400 habitantes da ilha. Exceção para os italianos da moda, que desde os anos 1970 fazem de Koufonisia sua passarela – Roberto Cavalli e a família Missoni são habitués.
Paraíso perdido: Amorgos
A ilha ficou quase famosa depois de Luc Besson filmar ali Imensidão Azul em 1988. A partir de então, tornou-se o paraíso perdido da turma caviar gauche parisiense, que, desde a primavera de 1968, se recusa a pisar com seus Bensimon branco na Côte d’Azur (cujo capitalismo dos bons selvagens os faz crer na máxima de Sartre, “o inferno são os outros”). Naturistas são os donos do pedaço, munidos apenas de um maço de Gauloises vermelho e o último livro de Agnès Martin-Lugand.
Para muito poucos: Patmos
As margens da Riviera Turca são mais recatadas. Reza o dogma que o apóstolo João escreveu o Livro do Apocalipse por ali. Imperdível um tour pelos mosteiros e igrejas ortodoxas incrustadas no alto das rochas na khôra. E, lá embaixo, as praias desertas de Diakofti e Agios Nikolaos são a prova de que Zeus existe. Ali, imperam alemães e holandeses. A contar pelo tom das conversas, pelo gestual e pelos assuntos que discutem, eles parecem integrar uma sociedade muito particular, unida por sua conquista única: a de quem entende que chegou a um lugar para muito poucos – e que torce para que sempre seja assim.
Onde comer
Tavernas simples onde é servida apenas comida grega de raiz – chame de comfort food se quiser. Pense nos queijos feta e mizithra, homus, saladas de pepino com cebola roxa e alcaparras, e polvo submerso no melhor azeite do mundo.
Drinques
Para fechar o jantar e abrir a noite, doses de tsipouro e rakomelo, aguardente de anis misturada com mel e servida quente.
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